“A vocação própria dos leigos é administrar e ordenar as coisas temporais, em busca do Reino de Deus. Vivem, pois, no mundo, isto é, em todas as profissões e trabalhos, nas condições comuns da vida familiar e social que constituem a trama da existência”.
CNBB, Doc. 105. Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade.
Minha história marista tem início antes mesmo de eu vir trabalhar na Instituição, pois meu marido foi coordenador de Pastoral durante oito anos no Colégio Marista de Taguatinga (DF), portanto o Marista já fazia parte da nossa vida familiar.
Entrei na Instituição em setembro de 2006, após um processo seletivo realizado pela área de Recursos Humanos, juntamente com o Ir. Salatiel do Amaral que, naquela ocasião, procurava uma secretária. Durante quatro anos atuei integralmente como secretária, na missão de dar suporte às visitas que o Ir. Salatiel fazia às Fraternidades, e de acompanhar e articular o Movimento Champagnat da Família Marista (MChFM), da Província Marista Brasil Centro-Norte (PMBCN). Foi um tempo de muito aprendizado. A convivência com o Ir. Salatiel do Amaral e com os leigos e leigas das Fraternidades sempre foi muito rica, simples e acolhedora.
Em 2009, fui convidada, também, a dar suporte ao trabalho da Animação Vocacional, como assistente. Na época, o coordenador da área era o Ir. Vitor Pravato. Mesmo assumindo o trabalho com a Animação Vocacional, continuei dando suporte ao MChFM.
No ano de 2014, fui chamada para atuar como analista (na antiga) Superintendência de Organismos Provinciais (SOP) – hoje, Setor de Vida Consagrada e Laicato. Portanto, além de continuar acompanhando o Movimento Champagnat da Família Marista, agora a missão se estendia a participar dos processos da vida religiosa, neste novo setor, local onde exerço as minhas funções atuais.
No cotidiano, o meu trabalho é desenvolvido numa sala com outras pessoas, que atuam na Coordenação de Evangelização, na Animação Vocacional e na área administrativa, que acompanha as comunidades. É uma oportunidade que favorece a integração com outras áreas, que dialogam com o nosso setor em um espaço de grande aprendizado. Interessante perceber, na dinâmica da vida, que a missão foi se ampliando ao longo dos anos, pois atuar como leiga marista é isto: estar a serviço do chamado que Deus nos faz no cotidiano. No meu caso, esse chamado foi sendo feito no decorrer dos anos, a cada convite.
Atualmente, continuo a serviço das Fraternidades, do MChFM, e do Setor de Vida Consagrada e Laicato, atuando como uma das analistas da área. Todos os espaços de formação que participei e partilhei com leigos, leigas e Irmãos são locais não só Maristas, mas para a vida toda! Todos foram e, continuam sendo, de grande aprendizado.
Ser leiga em todos os espaços
Tudo isso reflete, também, na minha vida familiar. A minha atuação, enquanto leiga marista, se estende quando estou com a minha família – meu marido e meus dois filhos (José Ivaldo, André e Tiago) -, a quem amo e compartilho a vida cotidianamente. São eles que me dão a oportunidade de aprender e crescer enquanto ser humano a serviço da vida, me apoiam e dão suporte à missão que desenvolvo.
Se estende, também, quando estou fora do espaço de trabalho; quando sou convidada a estar com outros grupos e pessoas, para desenvolver algum tema específico, ou mesmo sendo presença significativa entre eles. Toda essa convivência me ensina a importância da missão compartilhada.
As comunidades religiosas que visitei, o contato e a convivência com as equipes de coordenação do Movimento Champagnat da Família Marista e das Fraternidades, as reuniões das comissões, os encontros e as videoconferências com leigos, leigas e Irmãos, são momentos de crescimento, de vivência da espiritualidade e do carisma, de troca, de partilha de vida e de vida fraterna. Todas essas convivências me ensinaram muito sobre os valores maristas que São Marcelino Champagnat pregou. Aprendi, e continuo aprendendo, muito a cada dia, a cada reunião, a cada encontro.
O lugar de viver a vocação laical é o mundo. Existem várias maneiras de viver o chamado da vida laical: como colaborador, membro de uma fraternidade, no voluntariado, no trabalho, na família, na comunidade, na missão.
A experiência de vida laical marista é isto, viver o chamado como uma dança a qual fui sendo convidada a experimentar outros ritmos. A dançar por outros espaços, com outros grupos e pessoas com ritmos diferentes. Isso tem me ensinado a observar, respeitar o tempo do outro e a compreender que cada um tem uma “marcha” diferente, embora, às vezes, estejamos na mesma dança.
Maridelma Ilario de Lucena
Analista do Setor de Vida Consagrada e Laicato / Província Marista Brasil Centro-Norte