A reforma da previdência (PEC 287/2016) e a trabalhista, que tramitam no Congresso Nacional, foram tema de roda de diálogo promovida pela CNBB (Conferência dos Bispos do Brasil) com movimentos sociais, instituições religiosas e políticos. Colaboraram com o debate parlamentares, religiosos e especialistas. A Província Marista Brasil Centro-Norte também participou do encontro, realizado na quinta-feira (17/03), em Brasília (DF), representada pelo Instituto Marista de Assistência Social/IMAS e pela Assessoria de Comunicação Organizacional/Ascom.
Dom Guilherme Werlang, bispo de Ipameri/GO e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz da CNBB, ao inaugurar o encontro, indicou que a saída para os problemas da humanidade é sentar-se à mesa e, por meio do diálogo, sanar o que aflige as sociedades. “Qualquer reforma que impacte nos direitos da população deve ser inclusiva, para ampliar. Diálogos como este são necessários para se construir uma nação plenamente justa”, estimulou o bispo. Por sua vez, o senador Paulo Paim, crítico às reformas propostas pelo governo, afirmou que nem mesmo os presidentes militares (1964-1985) apresentaram proposta semelhante ao povo brasileiro. “É uma farsa o déficit da previdência e será uma honra para o povo, derrubar a reforma”, disse.
A filantropia foi abordada pelo deputado federal Paulo Teixeira, que lembrou que a reforma da previdência impactará nas instituições filantrópicas, principalmente as escolas católicas. O deputado chamou a reforma de “cruzada contra as instituições sociais, que se caracterizam pelo serviço de educação e saúde prestado há séculos ao povo brasileiro”.
O economista Guilherme Delgado, também crítico às reformas, declarou que o objetivo delas é favorecer o sistema financeiro. “Entre 2003 e 2013, houve um incremento no acesso de trabalhadores ao sistema previdenciário. O que se quer agora é expelir os pobres da previdência social”, explicou. A representante da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lúcia Fatorelli, afirmou que o cálculo do déficit da previdência é fabricado, por considerar apenas a contribuição dos trabalhadores e não incluir outras fontes geradas por impostos fixados na Constituição Federal. “A questão da longevidade da população, argumentada pelo governo, não é um problema, é uma benção. O problema está nos 12 milhões de desempregados e nos 64 milhões que estão na informalidade ou desocupados. Precisamos incluir a todos no sistema”, disse a auditora.