“Os povos que vivem no cerrado tem nele raízes tão profundas como as das árvores que sempre vão mais fundo em busca de água. Povos que do cerrado fizeram espaço de vida e de resistência”. A afirmação é de Shirlei Silva, diretora do Instituto Marista de Solidariedade(IMS), sobre o Chá, Café e Prosa de setembro, realizado na quinta-feira (29/09). Com o tema “Os direitos dos povos do cerrado”, a iniciativa contou com a moderação e contribuição da professora Mônica Nogueira, docente da Universidade de Brasília (UnB).
Mônica é doutora em Antropologia e coordena o mestrado profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais da UnB. A convidada explicou, primeiramente, os conceitos de povos e quais são os que constituem as populações tradicionais do cerrado. “A identificação de povos vem por meio do território em que se encontram. Unindo a cultura e o meio ambiente as identidades são socialmente construídas”, explicou.
A professora destacou que o cerrado possui grande dimensão espacial e profundidade histórica que promoveu trocas culturais entre as populações. “A percepção que o cerrado não teria mais povos tradicionais vem de um modelo de educação que apenas afirmava a Amazônia como território que possui habitantes que se relacionam e protegem o bioma em que estão inseridos”, afirmou Mônica.
Sobre a defesa do bioma e a proteção dos povos residentes no cerrado, a professora enumerou marcos legais que reconhecem a pluralidade do cerrado e regulamentam direitos para os que nele habitam. “É importante recorrer não só aos marcos legais do país, mas, também, aos internacionais, uma vez que se reconhece a inabilidade do Estado em não conseguir cumprir acordos firmados ao longo do tempo”, disse. Por fim, a professora falou sobre a pouca visibilidade internacional do cerrado e a necessidade de esforços para mostrar ao mundo a riqueza do bioma e a sociodiversidade dos povos que nele vivem.
O Chá, Café e Prosa é uma iniciativa desenvolvida pelos Institutos Marista de Solidariedade (IMS) e de Assistência Social (IMAS) em parceria com o Centro Cultural de Brasília (CCB), que, todos os meses, promove discussões sobre direitos humanos e fé contemporânea. O tema de outubro será “políticas públicas para crianças e adolescentes” e ocorrerá no dia 31.