O segundo dia do 5° Congresso Internacional Marista de Educação e do 2º Congresso Marista de Educandos e Famílias teve como conferencistas convidados Leonardo Boff e Frei Betto. Boff realizou a abertura do encontro com o tema “Educação, Cuidado e Ecologia”. Por sua vez, Frei Betto falou aos participantes sobre “Educação, Espiritualidade e Protagonismo Social”.
Para Boff, o cuidado é anterior ao espírito e ao corpo e está vinculado à escuta do coração. “Pela falta de cuidado, as cidades estão abandonadas, pessoas estão passando fome, muitos idosos estão solitários”, explicou. Ao desenvolver a sensibilidade e a consciência do cuidar, incentivamos, segundo ele, a vivência da espiritualidade. “As pessoas devem buscar sempre as formas mais humanas e dignas de viver e isso está diretamente ligado à espiritualidade”, comentou.
Para o teólogo e filósofo, a educação, a espiritualidade e os cuidado fazem com que os seres humanos vivam de forma harmônica com a natureza e as pessoas. “Grandes são os riscos e desafios com relação à Mãe Terra. Mas temos o brilho das estrelas e não nascemos para sofrer. Façamos, cada um de nós, a nossa parte”, finalizou.
Na parte da tarde, Frei Betto destacou a espiritualidade na formação dos jovens e falou sobre a crise de valores que escolas tradicionais católicas estão enfrentando. “Temos que nos perguntar onde estamos errando. Hoje, os estudantes vivem no mundo bipartido, ou seja, ao mesmo tempo que estão em sala de aula também utilizam a internet”, comentou. Na oportunidade o escritor relembrou, também, os estudos antigos que apontavam a ciência e a tecnologia como a solução dos problemas sociais, quando a fé já não importava. “Nas trilhas da modernidade, podemos perceber grandes avanços, porém, conseguimos pisar na lua e não colocamos os ingredientes essenciais na barriga de crianças que ainda padecem de fome”, alertou o Frei, ao fazer críticas ao sistema capitalista moderno e ao consumismo.
A sociedade caminha para a pós-modernidade, mas sem o paradigma dessa época, explicou Frei Betto. “O que observamos em sala de aula é a falência de um tempo que prioriza a mercantilização, tudo vira produto de mercadoria, desconsidera as questões sociais e a religião”, argumentou. “A escola existe para formar mão de obra qualificada para o mercado?”. Ao momento que respondeu: “A escola existe para formar pessoas felizes, com consciência crítica e protagonismo social, que possibilite viver intensamente à liberdade, a lidar com o pluralismo e a tolerância. É a possibilidade de sonhar com outros mundos possíveis”.