Foto: Chirliana Souza.

Foto: Chirliana Souza.

Moradores da cidade Estrutural, Taguatinga, Paranoá, Samambaia, representantes de movimentos de artesanato, hip-hop e da economia solidária, dos estados de Goiás, Espírito Santo, de países como Honduras, Colômbia e Argentina. Foi essa diversidade de públicos que o Chá, Café Prosa reuniu no último encontro, realizado no dia 7 de abril, em Brasília/DF, para debater o tema “Direito ao bem viver das mulheres negras”.

Para apresentar as reflexões acerca do assunto, que fez referência ao Dia Internacional da Mulher, realizado em 08 de março, foram convidadas as palestrantes Alessandra Miranda, da Coordenação Nacional Colegiada da Cáritas Brasileira e integrante do Cajueiro – Centro de Formação, Assessoria e Pesquisa em Juventudes, e Maria Cleudes Pessoa, que atua no movimento feminista, na articulação e coordenação de projetos sociais para mulheres, crianças, adolescentes e jovens.

Alessandra iniciou a palestra ressaltando as relações que se estabelecem com o toque e o olhar. Segundo Alessandra, bem viver é um ato político e social, um termo cheio de significado. “Não existe possibilidade de bem viver sem a relação com o corpo. Assim, o bem viver é a capacidade de ser feliz, não de maneira ingênua, mas engajada e pé no chão. É olhar o bem viver como capacidade coletiva de viver feliz com direito e dignidade naquilo que nos é colocado”, refletiu.

Na apresentação, ela chamou atenção para o genocídio da juventude negra e ao processo de vida privada das mulheres. “As consequências do privado [nas relações] gera a morte dos corpos, sonhos, ideais e da dignidade. Perceber o caminho ao bem viver das mulheres negras é perceber que nossa luta é poderosa”, destacou Alessandra, ao alertar que alcançar a consciência é alcançar o estado de bem viver.

Já Maria Cleudes Pessoa lembrou que a mulher negra está em maior nível de exploração no Brasil. Dados apresentados por ela apontam que a mulher negra é a maior vítima de violência sexista no país. Na fala, a convidada fez o recorte para o Distrito Federal, onde as famílias, em especial as mulheres negras, sofrem com a falta de creche e a falta de atendimento nos hospitais e postos de saúde. “Conceito de bem viver tem a ver com autocuidado, garantia de direitos e também com a afirmação da identidade”, enfatizou.

Maria acredita que o lugar da mulher negra – assim como de todas as mulheres – é em todo lugar. “Pela nossa história de patriarcado e escravidão, temos que ter o olhar crítico, voltado para nós mesmas. Precisamos desconstruir para construir uma nova forma de sociedade”, alertou a convidada, também autora do livro Pedra e Flor, que retrata a história de vida de Cleudes, de mulher negra que sofreu com a pobreza e o trabalho doméstico infantil.

O Chá, Café e Prosa é realizado, mensalmente, pelo Instituto Marista de Solidariedade/IMS e o Instituto Marista de Assistência Social/IMAS, em parceria com o Centro Cultural de Brasília/CCB. Todos os meses, as instituições se reúnem com a sociedade civil organizada, movimentos sociais, órgãos de governo e demais interessados para debater temas ligados à fé contemporânea e aos direitos humanos. O próximo evento está agendado para maio, com o tema o direito à infância, com foco no enfrentamento ao trabalho infantil. “Esse espaço é para debater os direitos humanos em diferentes abordagens”, explicou Shirlei Silva, diretora do IMS.

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