Cida Vieira, com os alunos do Colégio Marista Montes Claros. Foto: arquivo pessoal

A esperança tece a linha do horizonte em reluzente e doce olhar

Sou Aparecida de Cássia Vieira Gomes, nasci no sertão norte-mineiro, às margens do Velho Chico, no dia 19 de março de 1971, na cidade de São Francisco (MG). Faço parte de uma família de cinco irmãos, filhos de Veralice e Antônio. Minha mãe é professora alfabetizadora e meu pai comerciante autônomo. Devido às dificuldades da vida, quando completei dois anos, minha família migrou para outra cidade do norte de Minas, Montes Claros, cidade que cresci e resido até os dias atuais.

Maria, nosso recurso habitual. Ela tudo faz entre nós!

O ser humano busca ser feliz na construção de um significado para sua existência, na busca de sentido de vida. Nesta trajetória, vamos criando laços. Cativando e sendo cativado uns pelos outros. E há pessoas que são essenciais em nossa existência. Cresci numa família simples, com dificuldades e alegrias como as demais famílias deste sertão norte-mineiro, mas de muito amor e cuidado uns com os outros, de grande fé no Deus da vida, como um Deus de amor, presente na história de seu povo. De devoção e inspiração em Maria como jeito ver a vida e vivê-la, efetivamente.

Meu esteio e força veio da minha mãe, mulher forte, com vivência numa Igreja CEB’S (Comunidades Eclesiais de Base), de muita fé e perseverante nos ensinamentos cristãos. Mulher solidária, que me ensinou a vencer os medos e acreditar nos sonhos. Com ela, aprendi a tomar consciência da proximidade salvadora de Deus.

Ó Esperança, és para sempre, sempre viva. Te ofereço minha casa para morar.

A vida não é feita só de sonhos, mas também não é feita sem sonhos. Desde minha infância, era encantada com a arte de educar. Via na educação o caminho de transformação e libertação. Sonhava ser professora de Matemática. Amar e ser amada. Ser feliz e fazer o bem ao outro.

Ingressei no curso de Matemática, mas trabalhava com projeto Educar: educação de jovens e adultos e aulas de Ensino Religioso na rede pública, pautada em experiências e vivências pastorais e comunitária. “Eu sou feliz é na comunidade…”. Foi assim minha adolescência: Legião de Maria, Catequese de Iniciação Cristã e Pastoral da Crisma, conselhos pastorais, pastorais sociais e, neste caminho, conheci os irmãos Maristas, na minha comunidade de fé. Graduei-me em Ciências Exatas e Biológicas, mas minha realização veio na área Pastoral.

Minha admiração e devoção a São Marcelino Champagnat aconteceram em meados de 1994.

Casada, mudei de comunidade e, em diálogo, com os irmãos Maristas, iniciei o estudo da história de vida de Marcelino Champagnat: “Tornar Jesus Cristo ainda mais conhecido e amado. Para bem educar é preciso antes de tudo amar… Formar bons cristãos e virtuosos cidadãos.” Tudo isto ia ao encontro da minha concepção e jeito de educar. O santo educador, o protetor das crianças e jovens e, sobretudo, seu olhar sensível e solidário para com as crianças e jovens pobres, em situação de vulnerabilidade social, me encantava. Encantei pela força, determinação de Champagnat, missão e jeito de educar Marista. “Pela graça de Deus, e proteção de Maria que vencereis e fareis o bem.”

Têm pessoas que a gente não esquece nem se esquecer.

Em 2001, iniciei no Marista Centro-Norte como professora de Ensino Religioso, e, em 2007, assumi a Coordenação de Pastoral, do Colégio Marista de Montes Claros.

Muitos aprendizados, troca de saberes e fazeres, partilha fraterna de espiritualidade e vida na convivência com os irmãos Maristas e leigos (as) que abraçam esta missão, acrescentaram no meu viver e crescer enquanto pessoa humana e cristã. Sou grata a Deus. Foram muitas experiências significativas e de valor imensurável em minha vida, dentre elas a missão de solidariedade, as juventudes: animação vocacional, GAMAR/PJM, os projetos com as infâncias, as semanas temáticas cada uma com sua riqueza. A missão foi uma oportunidade que contribuiu para eu conhecer os povos tradicionais: indígenas, quilombolas, vazanteiros, geraizeiros. As celebrações de fé e vida. Quantas experiências ricas, de entrega, de lutas, de amor e aprendizados, bonitezas e vida.

Têm lugares que me lembram minha vida minha vida, por onde andei…

*** Lugares Maristas

Muitos foram os lugares Maristas que marcaram minha vida:

Mendes (RJ) – primeira formação Provincial. Leigos(as) e irmãos juntos, em torno da mesma mesa.

Rio de Janeiro – a cúpula dos povos/Rio+20, a Jornada Mundial das Juventudes.

Brasília (DF) – fonte de aprendizados, crescimento humano e profissional, conhecer e conviver com os gestores da missão. A semanas sociais brasileiras. A coordenação de evangelização. Amigos(as) queridos(as). Os Irmãos.

Recanto Marista, Belo Horizonte (MG) – beber da fonte para tornar-se fonte. As formações. O Regional: juventudes e companheiros de missão, pessoas queridas que o Marista me presenteou e que guardo, cada um e cada uma, num cantinho especial em meu coração.

Montes Claros (MG) – o chão da missão. Lugar das travessias. Lugar de choros e alegrias. Lugar de pessoas que me ajudaram a crescer profissionalmente, humanamente e espiritualmente.

Ó Esperança que nasce leve, devagar em uma canção de ninar. Que nos acolhe para dizer: o amor jamais deixou você.

Pelo caminho:

Olhares. Sonhos que cruzam outros sonhos.

Aprendizados, partilha fraterna de humanidade e espiritualidade.

Pelo caminho busca de sentido de vida, solidariedade e esperança.

Crianças, adolescentes, juventudes, educadores(as), amigos e amigas que compartilham da mesma missão, espiritualidade e carisma marista. Vidas que marcam e são marcadas por outras vidas. Que contribuem para que nossas crianças e jovens cresçam em sabedoria, para se tornarem bons cristãos e virtuosos cidadãos.

Riquezas, bonitezas na arte de educar e evangelizar. De evangelizar no espaço educativo. De educar como meio para evangelizar.

Pelo caminho fé, comunhão com o Deus da vida, onipresente. “Como Marcelino Champagnat, queremos “descobrir-te como um Deus de amor que se manifesta no ordinário de nossas vidas” (XXII CG, apel.2).

Pelo caminho, humildade e simplicidade.

Pelo caminho, uma comunhão fraterna no compromisso com a missão e o sonho de Champagnat em nosso espaço-tempo.

Pelo caminho, uma família carismática global, farol de esperança. Semente fecunda de onde brota o amor.

“O amor nos faz maior. Champagnat, que o seu exemplo não se apague com o tempo.”

Pelo caminho GRATIDÃO. Gratidão por fazer parte desta história e esta história fazer parte da minha vida. Gratidão por ser Marista de coração, pela oportunidade de alguma forma poder chegar num cantinho do coração e da vida de nossos meninos e meninas e partilhar aquilo que tenho de melhor, dom de Deus: a minha vida.

Aparecida de Cássia Vieira

Coordenadora de Pastoral – Colégio Marista Montes Claros (MG)

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