DSC00484
Formado em Teologia e há seis anos com atuação no governo geral do Instituto Marista, o Ir. Javier Espinosa, diretor do Secretariado de Leigos, esteve em visita ao Brasil para oficina, em maio, com as três províncias do Brasil (Centro-Norte, Centro-Sul e Sul-Amazônia) a fim de recolher contribuições às propostas sobre a área que serão encaminhadas ao XXII Capítulo Geral, marcado para setembro deste ano na Colômbia. Nos últimos dois meses, o Irmão esteve com 25 grupos que vivenciam diferentes experiências laicais.

1. Irmão, gostaria de saber o que mais o marcou nas visitas aos 25 grupos de leigos do Instituto Marista.

A esperança que detectei nas reuniões e em todos os grupos com quem vivi nesses dois últimos meses, de leigos maristas já com uma história e outros iniciando. Também pude falar com Conselhos Provinciais e Irmãos. Não é segredo dizer que na América Latina e região, mais o Arco Norte, é onde encontro maior força laical, mais experiências de comunhão de Irmãos e Leigos e caminhos laicais vocacionais.

Então, tudo me trouxe muita esperança. O último Capítulo Geral disse que o futuro do carisma marista é de comunhão, e em todas essas experiências e grupos vi que isso é muito real. Há, ainda, horizontes a percorrer, sem dúvida, mas há uma base bem consistente e muito forte que muito me motiva.

A experiência da oficina como tal, iniciei na Itália. Foi a primeira experiência, mas a viagem foi, fundamentalmente, na América. No mês de junho, continuo na América Central. Tenho quatro encontros, dois do Movimento Champagnat e dois com os líderes laicais de dois países. Depois no México, também, com duas províncias de lá e uma representação do Canadá.

Ainda, no final deste mês de maio, teremos, na África, a reunião e o encontro do Secretariado Ampliado. Somos oito participantes. Nos reunimos uma vez ao ano e em 2017 será em Nairóbi, no Quênia. Ao mesmo tempo, nos reuniremos com a Comissão Africana de Leigos. E antes, em Madri, na próxima semana, teremos a experiência com a Comissão Europeia de Leigos, que são oito, das cinco províncias da Europa. Esta é com a Comissão de toda a Europa, mas faremos no mesmo formato da oficina daqui.

2. E as contribuições, quando vocês concluem a síntese, os ajustes, as mudanças no documento para o Capítulo?

Neste final de mês, no encontro com o Secretariado, faremos uma primeira versão. Recolhemos tudo da América e da Europa e fazemos uma primeira síntese de melhoria do documento que já é conhecido. Mas, ainda em junho e julho, na América Central, México, Canadá e Ásia também, possivelmente, estamos abertos a recolher em junho, julho, até agosto. Podemos, ainda, receber contribuições e sugestões para que, no mês de agosto, entreguemos à Comissão preparatória a fim de que encaminhem o documento aos capitulares.

3. O senhor, na oficina com as províncias do Brasil, nos convidou a refletir sobre abandonar o velho e adentrarmos o novo. Agora eu devolvo a pergunta. O que o senhor acha, nesse processo de amadurecimento laical, que a gente vai levar? Vamos abandonar mesmo o velho? O que levaremos para o novo?

Um grupo de leigos autônomos, maduros, que podem decidir, optar, organizar, promover, sem depender tanto dos Irmãos ou da instituição. Não é uma independência, continuamos falando de comunhão, mas que possamos nos sentar em torno da mesma mesa em uma certa igualdade de condições. Outro tema de futuro, de novidade para mim, é chegar a um tipo de organização. Ao falar de estrutura, às vezes dizemos “Não, o Carisma é do Espírito, a estrutura mata!” Bem, se necessita, também, um mínimo de estrutura.

4. O que o senhor vai levar dessa experiência do Secretariado? Pode ser algum fato marcante que o senhor destaque desse período.

Bem, para mim, vocacionalmente, esta experiência de estar no Secretariado significou fortalecer minha vocação de Irmão, minha vocação marista, por meio dos leigos e leigas que conheci. Foi um caminho, de certa forma, de purificação de minha experiência como Marista. Ajudou a me definir melhor, a identificar melhor minha opção. Eu a fortaleci e eu voltaria a ser Irmão outra vez, se tivesse que começar, mas com uma nova riqueza, com essa nova partilha. Tenho tantos amigos e amigas maristas, leigos e leigas, que, certamente, tenho que agradecer ao Senhor, que me deu essa oportunidade. Significou uma nova vida.

5.Qual sua expectativa para o XXII Capítulo?

Participei de quatro Capítulos. Comecei em 1985, depois 1993, o de 2001 e o último também. O primeiro foi sobre as Constituições dos Irmãos, a identidade do Irmão para o tempo atual. Foi um Capítulo muito intenso. Vivi também outro muito forte, quando se começou a falar da Espiritualidade Marista Apostólica. Agora, pois, não tenho dúvida, com tudo o que o Ir. Emili tem promovido, um novo início, um novo começo… Sigo afirmando que o Capítulo ser aqui na América, e sendo a América uma grande força na vida marista, pelo número de projetos, pela implicação laical, de Irmãos, de tudo, eu creio que possa marcar um pouco este futuro do Carisma, com as características e com a força que a Igreja também tem aqui. O tema laical é forte.  Também o do perfil de Irmão, da identidade do Irmão, com as Constituições, creio que é significativo. Outro perfil de Irmão tem que surgir deste Capítulo. Há, ainda, a missão marista, que segue crescendo, com novos projetos e novas ideias. Eu gostaria que um elemento tão forte da identidade marista, que é a presença entre as crianças e jovens mais pobres, se mantivesse. Creio que há consciência sobre ela, mas é certo que temos que potencializá-la.

Acesse as outras entrevistas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Limpar formulárioEnviar