De família de vocacionados maristas, o Ir. Joarês Pinheiro de Sousa diz ter sido conduzido por Deus à congregação. Conheça mais sobre a história do Irmão que acaba de assumir, em 2017, a missão de conselheiro provincial da Província Marista Brasil Centro-Norte.
1. O sr. vem de família de vocacionados maristas. Como se deu o despertar para a vida religiosa?
Eu costumo dizer que fiz muito esforço para não ser Marista, mas Deus foi me conduzindo num caminho de surpresas e vi que essa era a minha vocação.
A primeira vez que senti o chamado foi quando ouvi a passagem do Evangelho que fala de Zaqueu (Lc 19, 1-10). Ele queria ver Jesus e Jesus é quem o vê e se oferece para ficar na casa dele. Acredito que Jesus também quis ficar em minha “casa”. Quando meu irmão Joaci decidiu ingressar na congregação, senti que eu também poderia e deveria entrar. Posso dizer que a vocação dele foi outro momento de que Deus se utilizou para o meu despertar vocacional.
Comecei a participar de grupo, em Balsas/MA, que me proporcionou ir a encontros vocacionais nas férias. Assim foi passando o tempo e nunca decidia entrar, meio que esperando que Deus se esquecesse de mim. Até que um dia, questionado por um Irmão se eu não queria ser Marista mesmo, eu disse que se algum Irmão já tivesse dito que eu deveria ser Marista, que Deus queria isso, eu já teria entrado. Esse Irmão avisou ao provincial na época, o Ir. Ramalho. Este me convidou a escolher uma casa na província para fazer a experiência marista e me mandou para Aracati, no Ceará, em 1986. No final do ano, mesmo sem estar seguro de que seria marista, fui ao Postulantado, em Natal/RN. Depois disse ao Ir. Ramalho que já não tinha mais força para lutar contra Deus e iria ao Noviciado, em Fortaleza. Deus me havia seduzido e eu me deixei seduzir, (Jr 20,7 – outra passagem bíblica que marcou minha vocação). Em seguida, voltei a Natal para o Escolasticado, hoje Juniorato (1990 – 1991) e em 1992 fui à casa de formação, como formador. Desde então, meu campo de apostolado tem sido a formação inicial e permanente.
2. Como foi a experiência internacional em El Escorial, na Espanha? Qual o objetivo desse espaço e quais eram as suas atribuições?
Foi mais uma surpresa de Deus em minha vida. Participei de um dos programas de formação em Escorial no ano de 2013 e o Irmão Joaci fazia parte da equipe formadora. Neste período, os provinciais do Brasil sugeriram o nome dele para mestre de noviços e solicitaram que retornasse ao país. Então, fui convidado a substituí-lo como membro da equipe formadora de El Escorial.
Nunca havia morado na Europa e, de repente, assumir a missão no Instituto a convite do Conselho Geral para ajudar a acompanhar a Formação Permanente da Congregação, parecia grande demais para mim. Mas aceitei e com o processo vi que qualquer lugar marista é nossa casa e todos somos Irmãos.
É um espaço de Formação permanente onde os Irmãos de língua espanhola e portuguesa fazem atualização espiritual e humana, necessária para continuar a missão de consagrados e educadores nas províncias.
Na equipe, contribuía no planejamento e execução de todos os programas, era responsável pela infraestrutura: buscar e levar as pessoas ao aeroporto, prever compras de passagens, transportes para os passeios previstos durante os programas, preparar e dirigir momentos de oração comunitária, dividir trabalhos da casa e ministrar conteúdos para grupos de Irmãos.
3. Em 2017, o sr. assumiu a função de conselheiro provincial, com a ida do Ir. Rubens Falqueto para o Noviciado Regional. Quais são as suas expectativas e o que espera da nova missão?
Minha atitude é de, com muita humildade, colocar-me a serviço tentando ser testemunho de vida consagrada marista e de respeito humano com quem conviver nessa função. Também ajudar o Provincial e os outros Irmãos do Conselho a refletir sobre a Província.
4. O sr. tem vasta experiência como formador e mestre de noviços. O que se espera dos futuros Irmãos e quais as alegrias e os desafios que enfrentam hoje para o exercício da vida religiosa?
É verdade que tenho muitos anos de experiência como formador, mas isso só me confirma que não se há “receita” para a formação. Cada ano e/ou cada turma é uma nova e distinta experiência que só sabemos enquanto vivenciamos o processo. O que podemos esperar dos futuros Maristas é que tenham consciência clara da vocação e de que a missão que cada um assume não é sua, mas sim, a missão de Deus confiada a nós, com todas as nossas fragilidades humanas. No mundo em que vivemos, cada vez mais, percebemos dificuldades em assumir a consagração como compromisso definitivo, mas temos a alegria de ainda encontrar jovens atentos ao chamado de Deus e dispostos a assumir a vocação de consagrados.
Acredito que os maiores desafios para o tempo de hoje, em viver a vida consagrada, é perseverarmos na fidelidade ao que assumimos na consagração. O mundo necessita de mais testemunhos de vida e de simplicidade e menos de pregadores intelectuais.
5. Relate um momento marcante como Irmão Marista.
Nesses anos como Irmão Marista e como formador, o que mais me enche de alegria é ver o processo dos jovens nas casas de formação, quando querem realmente crescer e assumir a vocação. Outra grande alegria que sinto é ver a fraternidade dos Irmãos quando nos encontramos em uma assembleia, retiro ou mesmo reunião da província.