Em 26 de setembro de 2009, o Ir. Emili Turú foi eleito superior geral do Instituto Marista, no XXI Capítulo Geral. Depois de trajetória na pastoral de crianças e jovens, como formador de Irmãos e atuação, como conselheiro-geral, em trabalhos relativos à Pastoral Juvenil Marista/PJM, à formação universitária, à missão e à coordenação das obras sociais, o Irmão de origem catalã (Barcelona, na Espanha) assumia os desafios de estar à frente da instituição e levar adiante o carisma de São Marcelino Champagnat.
Nesta entrevista, Ir. Emili fala sobre o itinerário do bicentenário marista, a recém-criada Região América Sul e o legado desses quase oito anos de gestão.
*Tradução (espanhol – português): Ir. José Machado Dantas – Comunidade Marista de Maceió/AL.
1. Estamos em plena vivência do Ano La Valla. O que o senhor espera desse período e que avaliação faz da preparação do mundo marista para o bicentenário?
Estou bem impressionado com a grande acolhida à proposta que fizemos de nos preparar para a celebração do bicentenário em três anos: Montagne, Fourvière e La Valla. No mundo inteiro, vi muitas iniciativas e uma grande criatividade para que realmente o lema Um novo começo seja muito mais que palavras vazias.
O último ano de preparação, o Ano La Valla, nos convida a cuidar da interioridade. Quase tudo em nosso ambiente social nos convida a viver depressa as experiências, quanto mais melhor, de modo que a tentação da superficialidade é constante. Precisamos dar-nos tempo para que possamos ser pessoas plenas e felizes.
2. A presença da instituição no continente americano passa por mudanças. De que forma a recém-criada Região América Sul contribuirá para o novo começo do Instituto Marista?
O novo começo que aspiramos passa pela conversão pessoal, mas também por mudanças estruturais. Tenho certeza de que a criação da Região América Sul nos ajudará a abrir-nos, cada vez mais, à dimensão internacional do Instituto Marista e a trabalhar cada dia mais em rede.
3. Qual o papel dos Irmãos frente aos caminhos rumo ao novo começo? O que esperar da relação com os leigos e leigas?
Uma das características do momento presente, tal como se desenvolveu ao longo dos últimos anos, é considerar que nós Maristas somos muitos, não apenas os Irmãos. Como filhos e filhas de Deus, somos corresponsáveis pela missão que a Igreja nos confia e, juntos, podemos tentar realizar essa missão e construir uma Igreja de rosto mariano. Temos de fazer todo o possível para que nossa instituição, por meio de suas estruturas, seja o reflexo dessa corresponsabilidade que, desde então, não tem nada a ver com a partilha de poder e, muito menos, com a luta para consegui-lo.
4. Que avaliação faz do seu governo? Como a atuação como superior geral tem contribuído para a sua vocação?
Nos próximos meses, vamos nos dar tempo para efetuar uma avaliação do nosso mandato, que vamos entregar ao Capítulo Geral. Portanto, um pouco de paciência… Com respeito à segunda parte da pergunta, posso dizer que a minha experiência tem sido muito enriquecedora. É um privilégio enorme poder encontrar-me com milhares de pessoas provenientes dos cinco continentes, que me têm estimulado muito na minha vida como cristão e como marista. E também é um grande privilégio ser capaz de servir de alguma forma ao Instituto Marista, por meio do qual recebi o melhor da minha vida.
5. Que mensagem deixa para os Irmãos e leigos em tempos de preparação para o Capítulo Geral?
Penso que temos de nos manter muito abertos ao Espírito Santo, que nos está conduzindo por um caminho de renovação e de novidade. As propostas de diálogo, que nos está propondo a Comissão Preparatória, serão uma excelente oportunidade para essa escuta do Espírito. Precisamos, além disso, penso, de disponibilidade para a mudança, que sempre incomoda. Não pode haver novo começo, a menos que cada um de nós aceitemos que temos a nossa parte de responsabilidade. É um momento muito bonito da história marista, no qual podemos, cada um, dar a nossa contribuição pessoal e única. Podemos contar com você?