Noventa e seis anos de vida, dos quais 74 dedicados à vida religiosa marista. O Ir. Antônio de Araújo Aguiar tem muito a nos ensinar sobre vocação e as alegrias e os desafios de ser Irmão. Nesta entrevista, ele, que mora na Comunidade Marista de Surubim/PE, nos dá uma lição de vitalidade e de compromisso com a missão de São Marcelino Champagnat.
1. Como se deu o chamado para o ingresso na congregação Marista?
Esta é uma pergunta que me toca muito ao coração. O que me motivou a ser Marista? Primeiro, eu tinha, do lado materno, um avô que era praticamente um apóstolo. Chamava-se Joaquim Atanásio de Aguiar. Este homem muito contribuiu para a formação religiosa da família. Foi então que três filhos dele foram ser Irmãos Maristas. Irmão Ambrósio foi o decano da família marista da Província Brasil Norte. Ele foi seguido por Irmão Bernardo Aguiar e, por último, por Ir. Adalto Aguiar. Esses três Irmãos na congregação geraram outras vocações. E eu tive a honra de ser chamado pela motivação que meus tios me deram. O meu irmão Geraldo de Araújo Aguiar, que mais tarde se chamou Ir. Arlindo de Aguiar, foi um dos firmadores de minha vocação, porque eu já era, por assim dizer, responsável pela dele.
2. Cite alguma situação ou momento que o tenha marcado na vida religiosa.
O que me marcou muito na vida religiosa foi eu ter inspiradores na minha vocação. O meu tio mais velho, Ir. Ambrósio de Aguiar, e, de um modo especial, o meu avô, com quem tive a felicidade de conviver e morar por alguns anos. Ele sempre dizia que era uma honra ter filhos e netos maristas. E realmente foi impulsionado por ele que eu vim a ser Irmão Marista. Depois impulsionei a vocação do meu Irmão, Arlindo Aguiar.
3. Como é a sua rotina na missão em Surubim? O que mais gosta de fazer?
Surubim (Colégio Marista Pio XII) foi o segundo estabelecimento de ensino que eu dirigi na província. Por isso, me empolgou voltar para meu antigo “abrigo especial”, onde eu encontrei gente totalmente imbuída do espírito marista. Vi como a cidade cresceu e como se impõe no desenvolvimento de Pernambuco. A cidade se desenvolveu, também, pela força intelectual recebida pelo colégio marista.
4. O que diria para os jovens que hoje estão nas casas de formação Marista, sobre os desafios e as alegrias de ser Irmão?
Eu me pergunto: “Por que você procurou uma congregação de Irmãos Maristas para ser, também, um Irmão?” E me vem logo a ideia: “Foi o seu fundador”, o padre Champagnat, que viveu para o seu povo, educandos e Irmãos. Viveu para prosperidade da congregação. Isso para mim é o que empolga o vocacionado marista.
Quem vem ser Irmão Marista parte de um lugar sagrado, de um lar onde se encontra um verdadeiro pai e uma verdadeira mãe, que são merecedores de ter um dia os filhos recompensados por Deus. Deus só chama a quem merece. Os Irmãos, com os quais contamos, partiram da vontade sagrada de seus pais para terem um filho que servisse a Deus.
5. O que espera do novo começo do Instituto Marista rumo aos 200 anos?
Somos continuadores. Quem começa, é porque se inspirou em bons princípios. Nós crescemos na vida religiosa porque tivemos aqueles que merecem o carinho e a alegria de sermos seus continuadores: os primeiros Irmãos, aqueles que partiram para a missão com o intuito de glorificar a Deus e à sua Mãe e a perpetuar o trabalho de São Marcelino. Seja o nosso começo fortalecer os laços de engrandecimento daqueles que nos atraíram de volta. Olhar para eles nos leva, também, à atualização. Sem ela, não podemos começar bem.