O bullying é uma violência que ocorre em diversos espaços sociais, como na escola e em casa, que precisa ser identificada, prevenida e enfrentada.
No Marista, assim como em outras instituições dedicadas à educação, infelizmente, podem ocorrer registros de casos de bullying.
É relevante ressaltar que a nossa instituição atua a partir de valores, crenças e ensinamentos do nosso fundador São Marcelino Champagnat, que se mostrou angustiado e chateado com a prática de bullying e propôs uma pedagogia baseada no amor, carinho e acolhimento.
Um dos exemplos que podemos citar está presente em sua biografia, escrita por Jean-Baptiste Furet, na qual é citada uma triste situação vivenciada por Champagnat durante a instrução da catequese.
O fundador, ao perceber que o padre apelidou um garoto e que, após isso, todos os outros amigos de sala passaram a repetir o apelido, ficou descontente.
Posteriormente, ao fundar o Instituto Marista, incluiu a seguinte regra: “O Irmão não usará tratamento apelativo nem para os colegas, nem mesmo para os estudantes, e a ninguém dará apelido”.
Desde então, ensinamentos como este são praticados e revisados conforme o contexto do mundo atual. Assim, as ideias de Champagnat se tornaram medidas aprofundadas que buscam garantir a segurança física e psicológica dos alunos maristas.
Além do trabalho realizado para identificar e enfrentar casos de bullying na escola, também produzimos este artigo, que conta com informações relevantes e completas a respeito dessa violência. Nele, você entenderá o que é bullying, quais são as suas características, os seus tipos, as suas consequências e como enfrentá-lo e preveni-lo.
Portanto, acompanhe o texto até o final e tenha uma boa leitura!
O que é bullying (conceito)?
Bullying é o comportamento agressivo e indesejado, sistemático e repetitivo contra um indivíduo, geralmente na escola.
Esta situação ocorre quando uma pessoa ou um grupo, em posição de poder, abusa, intimida ou coage outra, com clara intenção de prejudicá-la física ou emocionalmente.
A violência pode ser física, verbal, psicológica, sexual ou virtual.
Durante a infância e adolescência, os indivíduos podem apresentar comportamentos indelicados entre si. Isso pode ser comum quando se trata de uma fase de construção das suas habilidades sociais para que, posteriormente, se tornem adultos. Mesmo nesse caso, tais atitudes não devem ser normalizadas.
De toda forma, é importante frisar que há uma diferença clara entre conflito e bullying, pois a agressão em questão possui características específicas.
Características do bullying
Algumas pessoas podem relativizar a violência, afirmando que se trata de brincadeira, discussão, briga ou conflito.
Embora qualquer situação que envolva agressão física e mental seja inadmissível, o bullying possui características próprias, que servem para guiar a identificação.
Veja quais são:
- intencional: o comportamento agressivo ocorre com a intenção de machucar a outra pessoa, da maneira que for possível;
- repetição: a violência ocorre mais de uma vez, muitas vezes até mesmo com recorrência;
- desequilíbrio de poder: o agressor/bully e a vítima se encontram em uma relação de poder oposta, onde o intimidador usa a sua força física ou popularidade e a vítima se encontra em posição de vulnerabilidade ou fragilidade.
Tipos de bullying (violências mais recorrentes)
O bullying pode se manifestar de formas diferentes. Além disso, uma mesma vítima pode passar por mais de um tipo de agressão. Confira, a seguir, os tipos e alguns exemplos:
- físico e material: alguns exemplos são a agressão física, o roubo, o furto ou a destruição dos pertences da vítima;
- verbal: ocorre quando o bully xinga, ofende e insulta a vítima. Rir do outro ou apelidá-lo de forma pejorativa também são exemplos desse tipo;
- psicológico: a vítima é submetida à perturbação mental, ou seja, o agressor busca humilhar, ridicularizar, irritar, excluir, discriminar, ameaçar, aterrorizar, perseguir, difamar a vítima;
- sexual: trata-se, em resumo, de assédio ou importunação sexual por meio de agressões físicas ou simbólicas;
- cyberbullying: esse tipo pode representar, na verdade, uma combinação de outros tipos, mas é produzido por meio da internet ou de outros meios tecnológicos. A vítima pode ser constrangida, humilhada ou maltratada. Geralmente, o agressor se esconde por meio de perfis falsos;
- sexting: consiste no envio, por meio digital, de mensagens, imagens e/ou vídeos com teor sexual. Um exemplo seria a troca de mensagens de cunho sexual e/ou fotos sensuais de seu corpo (nu ou seminu). Essa prática envolve o risco de divulgação desses conteúdos, de ser forçado a enviar conteúdo sexual e, ainda, de as imagens serem enviadas para um adulto.
- sextortion: trata-se da ameaça de divulgação de imagens íntimas de alguma pessoa. Para não expor o conteúdo, o agressor pede em troca dinheiro ou alguma ação da vítima.
Como identificar os sujeitos e casos de bullying na escola
Para identificar os sujeitos de uma situação de intimidação, é necessário, primeiramente, conhecer as suas características.
As vítimas podem ser classificadas em três tipos principais: típica, provocadora e agressora. Conheça os detalhes de cada uma:
- vítima típica: pode apresentar dificuldades de socialização, alguma fragilidade física e/ou, ainda, características físicas marcantes, como ser magro ou gordo, muito baixo ou muito alto. Pode ser atacado por sua condição socioeconômica, orientação sexual, raça ou deficiência;
- vítima provocadora: é aquela que causa reações agressivas de seus colegas contra si mesma. Normalmente, a vítima não consegue responder aos revides. Estas vítimas costumam ser crianças hiperativas e/ou impulsivas que causam, sem intencionalidade explícita, tensões na escola;
- vítima agressora: é basicamente a vítima que também agride. Por receber maus tratos de outros agressores, visa reproduzir o mesmo comportamento com outra vítima, geralmente ainda mais frágil e vulnerável do que ela.
Já os agressores não possuem perfis altamente delimitados, mas apresentam características próprias.
Os agressores são de ambos os sexos e a sua personalidade é marcada por traços de desrespeito e maldade. Podem ser líderes de pequenos grupos.
Desde muito cedo, é comum que os bullys apresentem aversão a normas e determinações informais e não aceitem a frustração.
Os bullys apresentam desempenho escolar regular ou deficitário.
É fundamental destacar que, apesar de as características citadas acima serem encontradas com mais recorrência em ambos os sujeitos, nem sempre elas estarão presentes. A ausência dessas características não significa que não há bullying.
Por fim, é importante conhecer os espectadores. Nas escolas, são os estudantes que testemunham situações de agressão, mas não atuam nem defendem agressor ou vítima.
Os espectadores podem ser passivos, que não adotam ações pelo medo; ativos, que apoiam os agressores; ou neutros, que não demonstram sensibilidade pelas situações que presenciam.
Agora que conhecemos os sujeitos do bullying, vamos aprender como identificá-lo na escola. Acompanhe:
Na escola, para identificar se ocorre bullying em casos em que você não presencie a situação, é possível analisar o perfil da vítima. No recreio ou intervalo, frequentemente ela se apresenta isolada de grupos, próxima a autoridades.
Na sala de aula, é mais reservada, retraída e não costuma se comunicar com o professor e os seus colegas.
Em geral, são faltosos, aparentam estar tristes, aflitos ou deprimidos e podem se desinteressar pelas atividades escolares.
Consequências/efeitos do bullying
O bullying é prejudicial para todos os sujeitos, seja para a vítima, o agressor ou a testemunha.
As crianças e os adolescentes que sofrem essa violência têm mais chances de:
- desenvolver depressão, ansiedade e outros transtornos/doenças/distúrbios mentais;
- apresentar problemas gerais de saúde;
- diminuir o rendimento escolar;
- tornarem-se agressivas.
Já os agressores são mais propensos a:
- envolver-se em brigas e confusões;
- iniciar a vida sexual precocemente;
- envolver-se em crimes ou brigas de trânsito;
- serem abusivos em suas relações.
Por fim, os espectadores podem:
- desenvolver problemas de saúde mental;
- faltar a escola.
Como enfrentar e prevenir o bullying
Para identificar, enfrentar e prevenir o bullying, é necessário contar com o esforço de professores, gestores, familiares e estudantes.
As ações mais pertinentes são o estímulo ao diálogo entre pais e filhos, a promoção de campanhas de conscientização, a criação e divulgação de canais de denúncia de fácil acesso, a conversa entre professores e estudantes e a vigilância ativa de todos os agentes para identificar e intervir em possíveis casos.
Além disso, é fundamental que a instituição de ensino garanta apoio psicológico, social e jurídico às vítimas.
Legislação sobre o bullying
A legislação brasileira conta com diretrizes informativas, de conscientização e punitivas em situações de violência nas escolas. Estas são as principais:
- Lei n.º 13.277, de 29 de abril de 2016, instituiu o dia 7 de abril como o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola;
- Lei n.º 13.185, de 6 de novembro de 2015, estabeleceu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying);
- Artigos 5º e 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei n.º 8.069) definiram que nenhuma criança ou adolescente será objeto de violência nem terá a sua integridade física, psíquica e moral violada;
- Lei n.º 13.663, de 14 de maio de 2018, promoveu medidas de conscientização, prevenção e combate às violências nos estabelecimentos de ensino.
Nos colégios e nas escolas maristas, localizadas em todo o Brasil, atuamos a partir dos ensinamentos de São Marcelino Champagnat, com a missão de formar “bons cristãos e virtuosos cidadãos”. Essa missão perpassa por todos os estudantes, gestores, professores e demais integrantes da nossa comunidade educativa.
O nosso Projeto Político-Pedagógico-Pastoral visa promover a vivência harmoniosa, segura e tranquila entre estudantes, por isso são promovidas ações, com o intuito de manter a paz na escola.
Conclusão
A intimidação sistemática, agressões físicas, verbais, psicológicas, sexuais e virtuais em relações interpessoais, pode ocorrer na escola, na família e em outros ambientes sociais.
Com o esforço de toda a comunidade educativa, é possível prevenir, identificar e enfrentar casos de bullying nas escolas.
No Marista, o bem-estar físico e psicológico dos nossos estudantes é uma das nossas missões.
Se você mora nos estados do Pará, Tocantins, Minas Gerais, Maranhão, Alagoas, Rio Grande do Norte, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro ou no Distrito Federal, venha conhecer um colégio do Marista Centro-Norte.
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