Política se aprende desde pequeno. É assim no Colégio Marista Champagnat – Taguatinga (DF) Desde o 2º Ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais até à Terceira Série do Ensino Médio, os estudantes são desafiados a se apresentarem como candidatos para defender os interesses das turmas perante a Orientação Educacional de cada segmento. O projeto acontece todos os anos no Colégio com o nome Lideranças Estudantis.
A votação varia e pode ser aberta, no papel, digital (usando um formulário com as ferramentas da Microsoft) e até com urnas eletrônicas emprestadas pelo Tribunal Regional Eleitoral, ou seja, idênticas aquelas usadas nas Eleições Gerais.
No caso da estudante Aimê Marques do Couto Neiva, o voto foi com os notebooks que a Unidade disponibiliza em estações volantes digitais. Ela conta que decidiu votar em um candidato que tem capilaridade no 8º Ano D. “Ele é amigo de todos e sempre oferece ajuda”, explica. O candidato em que ela votou fez campanha na sala e divulgou um vídeo e uma foto com suas propostas, que focam principalmente na melhoria da disciplina da turma. Já a companheira de classe, Luara, também votou no mesmo candidato, mesmo tendo lançado o seu nome como candidata. Segundo ela, foi unânime o comprometimento dos oito proponentes durante a campanha. A possibilidade de votar em qualquer um faz com que as Lideranças Estudantis exercitem o tino para a organização política. O candidato em que ambas votaram, por exemplo, revelou que votaria em outra pessoa, ou seja, abdicaria de votar em si próprio. Isso serviria para tentar eleger um vice aderente à sua plataforma política.
O vice, nesta eleição estudantil, fica com o 2º colocado. Depois desta etapa, os representantes participam de um sorteio para ver a prioridade de escolha dos Conselheiros de Turma, que são exclusivamente professores, que acolhem as turmas.
Apesar de ser estimulado um perfil de líder, qualquer um dos estudantes pode participar, conta Rafael, estudante do 4º Ano A do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, cuja turma teve mais da metade dos 28 integrantes se candidatando. Rafael já foi Líder Estudantil em 2022 e agora promete repetir a legislatura para repetir a ajuda aos colegas. A sua Orientadora Educacional, contudo, reforçou durante a apresentação do projeto que o voto não deveria ser feito por motivos de amizade, mas sim naqueles candidatos modelos de responsabilidade, frequência, entrega do dever de casa e que sejam mediadores de conflitos.
E para quem já votou nas Eleições Gerais, como é votar nas Lideranças Estudantis? Esse é o caso de Gustavo, estudante da Turma A da 3ª Série do Ensino Médio. Ele concorda que o impacto do representante de turma no dia-a-dia dele pode ser até maior que o do Presidente da República, pois eles são as pessoas de referência na sala. “O presidente tem que tomar decisões para a população inteira, mas, ainda assim, as decisões do representante de turma vão nos afetar diariamente”, reflete. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, a entrada dos jovens de 16, 17 e 18 anos no processo eleitoral representou mais de 2 milhões de novos eleitores no pleito do ano passado.
Na sua turma, tanto a Líder quanto o vice foram reeleitos. Gustavo acredita que é por causa da ligação deles com a escola, pelo seu comprometimento em reforçar datas de prova, de trabalhos, mesmo aos finais de semana, com uma comunicação direta. “Só não fica sabendo quem não quer”, aponta o aluno. Em resumo, eles exercem uma ponte dos estudantes com as Equipes Pedagógica e Administrativa do Colégio. A parte boa é que eles não estão sozinhos. Na ausência deles, outros estudantes, uma espécie de suplência não-oficial, ajuda o outro Líder nas tarefas.
Gustavo lembra que os Líderes “têm que dar um pouco do seu tempo de estudo para interesses maiores”, pois trocam um pouco do individual em prol do coletivo. Ser candidato é um exercício de alteridade, doação e de pertencimento, envolve tempo e atenção, mas encontra apoio nas nossas equipes por causa do comprometimento que queremos formar nos nossos estudantes, “bons cristãos e virtuosos cidadãos”.